terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Agonia

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          Um belo fim de tarde. O tom alaranjado do céu refletia nas pétalas de cerejeira fazendo as mesmas, que acompanhavam a brisa, parecerem luzes no ar. Era um domingo naquela cidade japonesa e ao som de uma triste melodia do piano, a luz do pôr do sol adentrava naquela casa, naquela solitária casa. 


          Os leves toques nas velhas teclas do piano, davam a harmonia perfeita na melodia. A luz que tocava o rosto daquela jovem, realçavam sua beleza oriental, mas também com leve toque ocidental. Mestiça de asiáticos e europeus, a jovem Ran sentia uma certa agonia naquela tarde de domingo, o dia estava acabando, o fim de semana estava acabando, e seu último dia naquela solitária casa no meio do bosque estava acabando. Pele clara, aveludada, levemente amarelada, contorno delicado do rosto, olhos claros cor lilás, cor de cabelo castanho claro, uma jovem de aparência rara e bela. 


          Os delicados dedos de sua mão, tocavam a tecla para a última nota da melodia, seus finos e delicados lábios esboçavam um leve sorriso e assim calmamente abaixava o tampo das teclas. Apoiada as mãos sobre o velho piano branco, Ran se levantava, seu simples e leve vestido branco movimentava-se conforme a bela moça caminhava. Passos serenos eram feitos pelos pés descalços que tocavam calmamente o chão até pararem próximo a grande janela.
          Ran Fournier, filha de pai francês e mãe japonesa, era uma jovem solitária, de poucos amigos que vivia da loja de instrumentos de seus falecidos pais, batalhadora e dedicada, largou os estudos depois da morte de sua avó paterna quando tinha 17 anos, e depois disso se dedicou inteiramente ao trabalho e a apreciação aos instrumentos musicais. Hoje aos 20, a jovem participa de concertos musicais da cidade tocando piano, que aprendera com seu pai, e trabalha na loja dedicando-se a aprender cada vez mais.
          Através da janela, Ran via as belas árvores de cerejeira se mexerem levemente pelo vento que passava, levando junto as pétalas de leve tom rosa, quase brancas, mas um pouco alaranjadas pela luz do sol, sua expressão era quase indiferente, porém percebia-se uma certa tristeza, uma certa agonia. Seria o último fim de tarde que apreciaria naquela janela, e ao mesmo tempo um novo começo estaria por vir.




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