quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Simples canção

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Já eram 5 horas da tarde daquele domingo. Era hora de ver o pôr do sol. Mary pegava um casaco, um violão e saía de sua casa. O céu estava claro, o tom era levemente alaranjado, os raios de sol passavam pelas árvores deixando uma bela imagem de paz para se apreciar durante o caminho. Ela andava devagar olhando para as árvores acima, percebia como eram belas e simples, e também como era boa a sensação de liberdade e paz ao sentir o clima fresco, ao escutar pássaros cantando suavemente, ao sentir toda aquela tranqüilidade. 
Queria Mary que aquele momento durasse para sempre. No meio do caminho, a jovem que estava sorrindo para a natureza ao redor, começava a cantar com sua linda voz. A letra era improvisada inspirada no que ela via e sentia, sua voz era suave, gostosa de se ouvir, uma voz que relaxava. 
Eu queria ser uma árvore
Para apreciar o pôr do sol todos os dias
Eu queria ser uma árvore
Para entender a simplicidade da vida
Eu queria ser uma árvore
Para ouvir dos pássaros, a bela melodia
Eu queria ser uma árvore 
Para jamais viver arrependida
(...)


O fim do caminho era um grande campo aberto, era uma plantação de grãos, parecia ser um grande tapete creme. Subia até o ponto mais alto daquele campo, sentava-se no chão, pegava seu violão e ficava a olhar o horizonte, o pôr do sol. Assim tocava a primeira nota da música que estava cantando anteriormente. No improviso e na inspiração daquele domingo agradável, Mary passava o fim de tarde cantando, apreciando as coisas simples que a rodeavam naquele momento, deixava-se levar pelo fluxo, pela energia calma e relaxante que a natureza lhe oferecia. Era apenas mais um domingo, era apenas mais um fim de semana indo embora, mas para Mary, não era apenas isso, era um grande momento feito de pequenas coisas, e que deveriam ser aproveitadas ao máximo, pois nas coisas simples é que se encontram grandes surpresas.



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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Chuva

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"Minhas meias brancas com detalhes de flores azuis esquentavam meus pequenos pés naquele dia de chuva. Eu tirava os sapatos, ia até o quarto de minha mãe, ficava entre a porta e o guarda roupa sentada no chão encostada na parede, apenas observando a chuva da janela. Não era um dia triste... era um dia ensolarado e alegre disfarçado em meio a chuva."

Dias frios, escuros, com chuviscos que ameaçavam uma chuva... eram dias em que desanimavam qualquer um. O sol de toda manhã, em dias assim, mal aparecia, dando uma sensação de fim de tarde, de desânimo, como se você tivesse trabalhado o dia todo, essa era a impressão que dava. Guardas chuva pretos eram a maioria na rua, isso colaborava ainda mais para aquele ânimo de luto, e sem falar nas roupas escuras que cobriam todo o corpo. Dias de chuva para Adrielle eram assim, como se fossem dias de luto.
Já morava fazia 10 anos naquela mesma casa, sozinha. A chuva só fazia Adrielle se sentir ainda mais solitária, pois se lembrava de sua antiga casa, onde tinha a mania de se sentar ao chão no quarto de sua falecida mãe a ficar olhando a chuva passar pela janela. 
Sem muita coisa para fazer naquele domingo chuvoso, Adrielle decidia dar uma arrumada em sua casa já que estava precisando e também queria passar o tempo. Passava horas arrumando cada canto de sua casa, até que foi arrumar o guarda roupa. O guarda roupa era antigo, e era de sua mãe. Com cuidado ela abria as gavetas que nunca usara, e dentro delas haviam algumas coisas esquecidas. Ela tirava um porta-retrato antigo dela com sua mãe e deixava sobre a cama com cuidado, depois uma pequena caixa de jóias que estava vazia mas lhe trazia muitas lembranças, e por fim uma sacola de pano todo rendado fechado por um laço azul. Adrielle ficava curiosa a respeito e retirava o laço com cuidado, assim abrindo a sacola. 
Sobre a cama, ela virava a sacola de cabeça para baixo para que o que estivesse lá dentro caísse sobre a maciez da cama. Assim que aquilo aparecia perante aos olhos de Adrielle, eles simplesmente se encheram de lágrimas.
Eram pequenas meias brancas com detalhes de flores azuis... já não lhe serviam mais, mas ela sentia uma vontade imensa de vesti-las e se sentar ao chão para apreciar a chuva, como nos velhos tempos. 
Adrielle pegava as pequenas meias, se dirigia até perto da porta do quarto que era ao lado do guarda roupa, retirava os sapatos e ali se sentava encostando-se na parede. Via minúsculas gotas de chuva escorrerem pelo vidro da janela de seu quarto, e como se o som, o cheiro e a temperatura fossem a mesma de quando era criança, Adrielle passava a tarde toda ali... com um sorriso no rosto, sentindo a nostalgia de assistir a chuva, que agora não parecia mais ser um dia de luto, e sim um dia ensolarado e alegre disfarçado em meio a chuva.


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