sexta-feira, 2 de julho de 2010

Madrugada fria aconchegante

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Parecia que ela se sentia sozinha ali naquele quarto escuro, com uma iluminação fraca e fria e levemente azulada. O silêncio era ensurdecedor, já que parecia que haviam retirado a audição de tão quieto que estava aquele quarto. Um leve som quebrava o silêncio, o som de pés descalços calçando seus chinelos, e logo depois o som dos mesmos se arrastando ao chão fazendo aquela velha senhora caminhar por aquele quarto. Cabelos curtos e totalmente brancos, bochechas levemente caídas, rugas em todo o rosto, olhos azuis cansados e idosos, mãos enrugadas e cheia de manchas de pele; a senhora Baker já havia vivido mais de 80 anos nesse mundo, e muita coisa já havia passado por ela. 


Viu todos os seus 4 filhos homens se formarem e constituírem uma famíla cada um, dando-lhe inúmeros netos e netas, viu seu marido adoecer e sorrir em seu último momento de vida, e agora vê, muito dificilmente, a luz da lua que deixa seu quarto azulado entrando pelos vãos de sua velha janela de madeira. Momento de paz parecia disseminar no coração da senhora Baker, que abria a janela, permitindo com que a intensa luz da lua adentrasse em seu quarto ainda mais. Sentia-se uma brisa gelada vinda de fora, a velha senhora se encolhia brevemente, fazendo a mesma vestir um casaquinho por cima de sua longa camisola. A lua parecia olhar para senhora Baker, que retribuía com um sorriso que fazia seus olhos quase se fecharem pela pele que caía sobre os mesmos, mas mesmo assim não deixava de ser um lindo sorriso. 


Sabia que não duraria muito tempo mais viva naquele mundo, talvez continuasse ali por mais uns 5 anos ou quem sabe 10 anos, porém, a senhora Baker não tinha medo da morte, não tinha receio de deixar aquele mundo, pois ela já estava satisfeita com a vida, não poderia estar mais feliz, para a senhora Elizabeth Baker, tudo o que poderia ter feito, o fez, e agora talvez pudesse descansar de tanto viver.


A noite parecia eterna, Elizabeth não queria que aquele momento passasse, poderia ficar ali, sentada em sua cadeira de balanço com o cobertor que tanto aqueceu ela e seu falecido marido em dias frios, com seus chinelos forrados com pano, apenas observando a lua que lhe fazia companhia. O sono foi voltando, conforme seus olhos iam se fechando, um sorriso formava em seu rosto antes de dormir completamente em saber que no dia seguinte, seus netos a visitariam e lhe trariam a alegria da vida mais uma vez, e mesmo que já esteja pronta para morrer, a senhora Baker aproveitava o máximo de cada momento de sua vida como se fosse o último.



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