quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Meu sorriso

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      O céu estava escuro ainda, eram 4 e meia da manhã. A neblina deixava o caminho todo com um ar de filme de terror... mas não me abalei e continuei andando. O caminho era de terra, haviam árvores beirando a estrada, e, apesar do cenário escuro, não tinha medo.
      Eu estava de pijama e usava um par de tênis... era para a caminhada. Levava meu cobertor junto, cobrindo meu corpo naquele frio. A estrada sempre era vazia, ninguém iria me ver de pijama de moleton azul bebê com estampa de nuvens com carinhas felizes... e com tênis e cobertor... ainda bem. O céu aos poucos começava a azular conforme eu seguia meu rumo, e já se escutava os primeiros cantos de alguns passarinhos.
     Depois de alguns minutos andando sem parar, eu me sentava em uma pedra que estava na beira da estrada, que a esse ponto já era asfaltada, e ficava a descansar um pouco antes de continuar. O céu estava lindo, em um tom alaranjado, e, apesar do frio que ainda prevalecia, as cores quentes do nascer do sol já me ajudavam a me sentir mais aquecida. O lugar onde eu estava era alto, a neblina estava começando a desaparecer, mas o horizonte nas partes mais baixas ainda estavam escondidas pelo lençol intocável. De qualquer forma, era relaxante observar e sentir a natureza acordando.


      Me levantei e continuei a caminhar. Queria ver o nascer do sol naquele lugar, então teria de me apressar para não perder a viagem. Mais minutos se passavam e finalmente consegui chegar no meu lugar...
      Havia uma cerca, que era onde se criavam cavalos, algumas árvores em volta e um banco. Me sentei no banco, atrás de uma árvore que era perto da cerca, e fiquei a apreciar o sol nascer. Pode parecer que é nada demais... mas me faz sorrir, e coisas que nos fazem sorrir pela sua verdadeira natureza, é algo que deve ser valorizado e admirado com todo seu amor.


      O que te faz sorrir... de verdade?

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Rotina

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      George observava as pessoas. Estava aquele jovem rapaz com seus 26 anos olhando para todos que passavam pela rua da janela de seu apartamento. Ele percebia que todos os dias, as mesmas pessoas, faziam as mesmas coisas... era a rotina. Ele se perguntava se essas pessoas não se questionavam de suas vidas, se realmente valia a pena se sacrificar tanto para ter aquelas vidas monótonas. Ele não entendia a rotina, sempre queria fugir dela, pois sabia que se a deixasse tomar conta de sua vida, ele não viveria por ele mesmo, apenas viveria para seguir o fluxo.
      O rapaz saía de sua casa e entrava nas ruas da cidade. Observava com atenção para as pessoas que ele já havia observado durante um certo tempo. 
      Formigas. As pessoas eram como formigas para ele. E a cidade, o formigueiro. Não é difícil de comparar, há muitas semelhanças. As pessoas seguiam o fluxo, a rotina da cidade... e o fruto do trabalho de cada um, mantinha o enorme formigueiro funcionando.
      George achava engraçado o fato de que as pessoas a um primeiro momento, se sentiam incomodadas pelas pessoas que não seguiam o fluxo corretamente. Claro que criminosos, malucos, bêbados entre outros que fazem mal as pessoas não conta... mas por exemplo, um jovem gótico usando roupas pesadas, cheias de correntes entre outros adereços, incomodava as outras pessoas "normais". Pessoas normais são formigas. Era essa a definição de uma pessoa normal para George.
      Ele voltava para seu apartamento. Deitava no sofá e dormia.
      Ao amanhecer, George acordava. Tomava banho, ia tomar café, depois saía para comprar jornal e dar uma volta na praça, voltava para almoçar, ficava observando as pessoas o dia todo, jantava, tomava banho e ia se deitar. Ele começou a notar que sua vida era uma rotina. Uma vez ou outra mudava essa agenda... mas percebeu que se acomodou e deixou a rotina tomar conta. Segurança. Talvez fosse por isso que as formigas não mudam... se sentem seguras fazendo as mesmas coisas... mudar as deixam inseguras. George agora havia entendido porque a maioria vivia assim. Mas mesmo sabendo disso, o jovem não queria viver assim. Começou a fugir da rotina novamente.
      Acordava, saía de pijamas pela rua, dava uma volta e voltava para casa, tomava café, tomava banho, saía de casa de novo para tocar violão no meio da praça pra ganhar umas gorjetas, ia pescar... enfim, fazia um monte de coisas aleatórias sem seguir um horário. Durante um certo tempo, sempre variando nas suas atividades anti-rotina, isso deu certo. Mas agora sua rotina era essa: fugir dela. Não adianta, quando se acomoda é porque segue uma rotina.
      George se cansava. Cansava de tentar fugir de algo que o perseguia. Se entregava a vida, deixando se levar pelo fluxo, apenas. O que ele não sabia, era que esse fluxo é cheio de surpresas.

A vida é bem monótona. Coisas que as pessoas pensam que são incomuns, na verdade são mais comuns do que se imagina. Amigos bêbados e felizes deitados na grama depois de beberem em um bar, uma mulher pintando um quadro no meio da praça, um rapaz fotografando tudo o que via praticamente, um grupo grande de pessoas fazendo um flash mob ali perto... coisas que não estamos acostumados a presenciar a todo o momento tornam-se coisas incomuns... mas coisas incomuns não quer dizer que são inéditas.
Nada de mais novo parece acontecer. Mas quando menos esperamos, uma caixa de surpresas aparece.

A vida é bem monótona... mas é interessante vivê-la.


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