domingo, 17 de abril de 2011

A Realidade de Marrie

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      Naquela casa enorme com um grande jardim, a pequena criança estava sozinha a brincar. Era uma garotinha de 6 anos, alegre, tímida, criativa, e simplesmente adorava brincar. A solidão nunca havia atormentado essa pequena garota, sempre estava rodeada de criaturas fantásticas, amigos imaginários, monstros feiosos e de tudo o que vinha a sua cabeça. Marrie, era seu nome.
      O fim de tarde daquele sábado se tornara um sábado mágico, ao menos para Marrie. Ela, em seu jardim, corria de um lado para outro se escondendo atrás de arbustos e árvores, como se estivesse se escondendo de algo perigoso, ficava atenta olhando para todos os lados antes de voltar a correr. Como se estivesse na companhia de vários amigos, Marrie falava sozinha, ou melhor, conversava com seus amigos imaginários, planejando um ataque contra seus inimigos perigosos para salvar seu incrível mundo mágico. Passava todo aquele resto do dia brincando e se divertindo, pois acreditava fortemente na veracidade do que imaginava, e que tudo o que acontecera fosse real. Mais tarde saberia que tudo isso não se passava de um mundo imaginário, que o verdadeiro mundo não pode ser do jeito que todos querem, que a realidade pode ser cruel ao mesmo tempo que não seria tão cruel assim... porém, por hora, a realidade de Marrie, era simplesmente a realidade de Marrie.


A infância é a fase da vida mais bela e alegre de todas. A imaginação toma conta da realidade. Um mundo que não poderia existir, existe.

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Viver

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Se nasci para morrer, pra que viver?

'Pra que?' Se questionava Amber. Ela não entendia o motivo das pessoas lutarem para viver, dos animais lutarem para viver, de todos os seres vivos lutarem para viver. Era algo que a intrigava. Claro que sabia que cada ser vivo vivia basicamente para perpetuar sua espécie, mas mesmo assim, se o final nunca irá mudar, não adianta lutar contra, pois um dia ele irá chegar... essa era a base de sua idéia. 
Amber tinha trinta e poucos anos, era uma mulher de grande sucesso em sua área profissional, que por sinal era na área da ciência. Ela sempre quis ir em busca dos mistérios por trás da vida, mas com todos esses anos trabalhando nisso, começou a pensar, que no final, o que espera é a morte. Imaginava se os suicidas eram espertos ou fracos. Sua vida parecia agora ser apagada, sem cor, pois tudo o que fazia, sabia ela que iria acabar.
A bela mulher, separada, mãe de dois filhos homens, caminhava no belo parque de sua cidade no entardecer. As árvores do outono eram alaranjadas, o lago refletia o céu de mesmo tom, tudo era lindo e relaxante. Porém, para Amber, aquilo era nada demais, de que adiantava prestigiar tal coisa afinal? 
Depois de muito pensar e caminhar, ela sentava-se no gramado coberto por folhas vermelhas das árvores do outono sobre uma dessas árvores. Encostava a cabeça na mesma e olhava para o céu, para o imenso céu.



Percebia que se não estivesse viva, não estaria ali naquele momento, não teria criado dois filhos maravilhosos, não teria tido a oportunidade de ver tudo o que já havia visto até aquele momento. Amber percebia que a vida era uma oportunidade, e que por isso todos que a tem, deveriam aproveitá-la ao máximo, pois jamais terá outra oportunidade de conhecer a vida e com ela conhecer coisas incríveis, e cada um conhece a vida a sua maneira. Ela percebia que já havia visto muitas coisas, vivido muitas coisas, e que tudo isso não fora em vão, tudo isso é a sua história, tudo isso existiu, é o que fez da sua existência a própria existência, é a sua própria vida. Mesmo que no final a morte seja seu destino, teve a oportunidade de viver.

Se nasci para morrer, pra que viver? Viver para viver, e deixar que a morte faça da sua vida, a sua história.



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