segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sufocante Vida

      Ela se sentia sozinha. Por mais que tivesse amigos e pessoas que a amassem muito, Juliet não se sentia completa em estar ali. Ela sentia que estava muito limitada, e que algo mais além deveria existir para seus horizontes, mas não sabia o que era. Mesmo acreditando fortemente em sua religião, aquilo também não era suficiente. Não tinha do que reclamar, sabia disso, tinha uma boa casa, uma boa família, bons amigos e tinha uma vida confortável. Porém algo a intrigava naquela tarde de sexta-feira.
      A vida de Juliet não era perfeita para que pudesse reclamar que era uma vida perfeita demais, e nem era muito ruim para que pudesse reclamar que era uma vida cheia de problemas. Era uma vida normal. E o normal poderia ser considerado perfeito. Perfeito demais. E ironicamente, uma vida perfeita demais poderia ser um problema, tornando sua vida um pouco ruim. A mulher ficava a filosofar sentada em uma cadeira na varanda, olhando o belo jardim arborizado que possuía.
      Fome, miséria, pobreza, violência... Juliet sabia que haviam muitas pessoas ao redor do mundo que tinham problemas muito piores que o seu, se isso fosse considerado um problema. Sabia que deveria agradecer por levar a vida que levava. Mas sabia que sua vida era apenas mais um nível acima dos que passam fome, depois de infinitos níveis acima do seu, para chegar na superfície daquele mar, que era seu mundo. Era inevitável para aquela mulher não pensar sobre tais coisas, por mais inúteis que pareciam ser. "Talvez... eu não pertença a este mundo... ou é este mundo que não me pertence.", pensou.
      Algo maior deveria estar esperando por ela. Deveria estar esperando por todos. Mas este mundo limitado a deixava sufocada e não lhe permitia enxergar além do horizonte. Logo Juliet iria acabar se sufocando neste mar profundo que a impedia de ir mais além, assim como todos.