segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O Amor Indiferente de Romeo

Você não consegue amar. Você não consegue me amar. Amar você é como se eu estivesse amando um vazio.

       Estas foram as últimas palavras de Claire para seu ex-namorado, Romeo. Ele lembrara muito bem de tais amargas palavras. "Eu não sei o que eu fiz de errado...", pensou o jovem homem, deitado em sua cama.
      Lembranças boas de seu relacionamento com Claire lhe vinham a mente. Para ele, tudo estava perfeito. Não conseguia achar algum sentido na repentina separação. Não conseguia entender o sentido daquelas cruéis palavras. "Claro que eu te amo, querida Claire... por que achas que não?", pensou intrigado.
      Romeo apenas se ajeitou em sua confortável cama e adormeceu. Mal sabia ele que sua amada estava prestes a suicidar.
      No topo do prédio onde Romeo morava, estava Claire aos prantos e na mais profunda dor, prestes a tirar a própria vida. Exagero? Talvez. Talvez fosse exagero se Claire realmente não tivesse amado um vazio.


      Claire conheceu Romeo em uma viagem turística na Índia. Ambos logo perceberam que tinham vários interesses em comum e também descobriram que moravam no mesmo bairro. Passaram a viagem juntos e Claire logo percebeu que havia encontrado o amor de sua vida. Romeo era respeitoso, charmoso, tinha um ar misterioso no qual fazia a jovem se sentir atraída para desvendar tais mistérios. Ele era bem humorado e era sempre muito cavalheiro com Claire. O rapaz também logo se interessou na bela moça e ambos começaram um relacionamento.
      Romeo raramente chamava Claire para sair, e isso fazia a jovem moça desejar cada vez mais seu amado. Quando saíam, Romeo quase não falava de sua vida, apenas escutava e perguntava a respeito de Claire, que adorava falar. Com o tempo, Claire foi percebendo tais atitudes de Romeo. Percebeu que quase sempre era ela que tinha que tomar a iniciativa para qualquer coisa entre os dois, como chamar pra ir no cinema, dar um abraço de ternura sem motivo aparente, entre outras coisas. E quanto mais ela tentava se aproximar e se adentrar na vida de Romeo, mais ele parecia se afastar e evitar Claire. "O que está acontecendo conosco?", questionou a jovem uma vez. "Do que está falando, querida?", perguntou o rapaz, confuso. "Você parece não se importar com a nossa relação...", disse Claire, triste. "Claro que me importo.", disse o jovem, sem perguntar algo como 'Porque?' para continuar a conversa, era como se ele não quisesse saber. "Está vendo! Parece que tanto faz estar comigo ou não!", disse Claire, revoltada. "Calma, querida... é que eu não quero que você dependa de mim e nem eu dependa de você...", respondeu de forma calma, sem se abalar com a frustração de sua namorada. "O que quer dizer com isso?", questionou Claire, confusa. "Não gosto de abrir mão da minha liberdade... só isso.", respondeu de forma indiferente. "Liberdade? Liberdade pra fazer o que?", questionou Claire. "Liberdade para ser eu mesmo.", disse Romeo. A conversa acabou ali.
      Os meses seguintes foram uma tortura para Claire. Passavam-se semanas sem se falarem, e quando retomavam a comunicação, era sempre a jovem moça que tinha que 'correr atrás'. Realmente para Romeo, não fazia a menor diferença estar ou não com Claire. Ele realmente gostava e se importava com ela, só que ao mesmo tempo era indiferente à aquilo. Claire chegou no limite. Era doloroso amar Romeo sendo que o mesmo não a correspondia, mesmo ele a amando de verdade. Ela chegou no limite e disse as ultimas palavras para seu amado. "Você não consegue amar. Você não consegue me amar. Amar você é como se eu estivesse amando um vazio."


      Claire deu seu ultimo suspiro e se jogou do prédio.
      No dia seguinte Romeo ficou sabendo da morte de sua amada. - Supostamente sua 'amada'. - Ele chorou em seu funeral. Chorou durante algumas semanas. Mas não se sentiu culpado. Para ele a culpa era dela mesma por não ter compreendido os seus sentimentos. - Sentimentos? Será que ele realmente os tinha? - Superou rápido e continuou com sua pacata vida.
      Romeo sentia que Claire era seu apoio e não o amor de sua vida, por isso continuava com a relação. Pois Romeo não sabia amar, e também não tinha interesse em querer aprender a amar.
      No fundo, Romeo, o jovem indiferente, apenas fora mal compreendido por Claire, a jovem normal.

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1 comentários:

Anônimo disse...

Eu desconhecia o termo esquizoide.
Muitos não conseguem amar com a mesma intensidade a quem os amam também. Isso pode abalar uma relação.
Acredito que Claire tenha ficado depressiva com a relação que andou tendo, caso contrário ela não pensaria em se matar e sim conversar melhor com o namorado dela.
É triste quando não nos sentimos amados. Todos queremos ver que alguém se importa conosco. Muitos casais estão se separando devido a falta de demonstração de afeto e, com isso, gerando muitas pessoas depressivas.
Sempre devemos demonstrar o que sentimos pelos outros, pois isso faz muita diferença para quem amamos.

Um conto muito triste, mas que me fez refletir bastante também.
Parabéns. ^^