Sekai no Owari - 1

 1 - O começo do fim

Quando acordei senti uma enorme dor de cabeça, parecia que eu tinha levado um soco bem no meio do meu cérebro. 
Nesse mundo de merda é normal ser surpreendido por gangsters, ser agredido, roubado e morto por eles... aqueles idiotas haviam roubado minha mochila... nela estava tudo o que eu precisava para sobreviver neste mundo podre... eu não sabia o que fazer... fiquei sentada no meio daquela rua deserta, pensando em alguma forma de conseguir comida, água e abrigo. Sem mais as ferramentas que estavam na mochila, seria muito mais difícil de sobreviver... e a única forma de continuar a viver, era lutando.




Me levantei e olhei o céu. Fiquei olhando para aquele céu escuro, coberto daquela fumaça densa... não se via nenhuma nuvem e nem mesmo a cor do verdadeiro céu... apenas uma camada de fumaça cinza. Voltei meu olhar para frente e comecei a caminhar... a caminhar para qualquer lugar... eu não tinha rumo, apenas andava em linha reta. Durante o caminho fiquei pensando na sorte que eu tive com aqueles gangsters... provavelmente haviam pensado que eu era um homem, caso contrário eu teria sido estuprada... e também tive a sorte de não ter sido morta... eles apenas me bateram e levaram a mochila. 
Você deve estar se perguntando... "Que merda de mundo é esse?"
Eu lhe respondo... esse é o seu mundo... é o seu mundo caminhando para o fim.


Durante o dia eu caminhava, durante a noite eu me abrigava. Nesse mundo, a noite é extremamente perigosa... na qual até as gangues se escondem... porque é durante a noite que "ele" aparece. Quase todos que viram "ele", morreram, e os poucos que sobreviveram, dizem não ter visto... pois acreditam que se contarem irão morrer. 
Dizem que "ele" é o guardião da cidade... e que cada cidade grande ou região de cidades pequenas, possui um desses guardiões. Ninguém sabe para quem "eles" trabalham, ou se são um grupo independente... tudo o que sei é que não são humanos normais.
Já havia se passado vários dias... eu nem sabia mais quanto tempo fiquei caminhando sem rumo, na esperança de encontrar uma saída que não existe. Talvez havia se passado uma semana, duas semanas... ou até alguns meses... parecia que não restava mais nada... por onde eu passava só via destroços... prédios em ruínas... regiões submersas pela água... também pessoas morrendo, morrendo de fome, morrendo de sede... pessoas se matando, pessoas matando outras... durante esse tempo eu me perguntava... "Será que o mundo inteiro está assim? Será que não existe nenhum lugar onde exista a paz?"
Talvez exista... depois da morte.




Eu não era daquela cidade. Antes de chegar nela atravessei grandes desertos e pequenas vilas abandonadas... e nesse caminho encontrei essa imensa cidade em ruínas. Há muitas casas e prédios, com isso há muitos lugares para se abrigar... mas ainda assim é perigoso.
Naquela noite não senti sono... passei a noite inteira observando a lua, que estava com um brilho bem fraco pelo fato da densa fumaça cobrir o céu. Essa fumaça provavelmente vêm das queimadas e da poluição... só sei que as estrelas já não podiam ser mais vistas... a sombra da destruição havia as escondido de meus olhos. 
Não  consegui ver o nascer do sol... acho que devo ter caído no sono antes de amanhecer...acordei pela luz que entrava na janela. Fiquei sentada no chão próxima as cinzas da fogueira que eu havia feito na noite passada... olhando através da janela toda aquela destruição. Percebi que os gangsters que haviam me roubado a um tempo, não haviam levado uma coisa... talvez porque estava escondido em um lugar inusitado. Tirei o lenço que usava na minha cabeça, meus cabelos eram compridos e assim que tirava o lenço, eles se soltavam e caíam sobre meu rosto... e junto caía o objeto que eu escondia... era um pen drive. Eu não sabia o que tinha nele, pois até o momento eu não tinha encontrado nenhum computador para acessá-lo... mas era um objeto especial... afinal, era de meu pai.




Comecei a explorar o prédio em que eu estava... e percebi que era um grande lugar de negócios. Assim logo fiquei mais animada e comecei a procurar por todos os cantos do prédio, algum computador. Por fim encontrei uma sala, seria mais um laboratório de informática onde haviam muitos computadores... a sala estava uma bagunça... vários dos computadores não funcionavam mais... fiquei tentando ligar cada um deles, até que finalmente um funcionou. Eu estava ansiosa para ver o que tinha naquele pen drive... talvez tivesse a resposta do porque meu pai me entregou isso antes de morrer. Pluguei o aparelho no computador, não havia nenhum arquivo ou pasta... estava vazio... mas eu sabia que tinha alguma coisa... assim me lembrei de uma coisa que meu pai havia dito momentos antes de morrer...




Não consegui conter as lágrimas... toda vez que me lembrava da morte de meu pai... as lágrimas e uma profunda tristeza me tomavam conta. Fiquei assim durante alguns minutos... respirei fundo... me acalmei... e assim comecei a pensar.
"E jamais se esqueça... que ela irá te salvar..."
Como uma intuição, apertei a tecla "Enter" do teclado do computador e logo apareceu uma caixa de mensagem escrita "PASSWORD", e uma barra de texto para digitar a senha. O que meu pai havia dito certamente era uma dica... mas quem é "Ela"? A primeira coisa que me veio a cabeça foi minha desaparecida mãe... que havia sumido antes de tudo isso começar, quando eu ainda era um bebê. Assim digitei seu nome... digitei de todas as formas possíveis, porém nada acontecia... apenas mostrava que a senha era incorreta. Encostei minha cabeça na mesa... fechei os olhos... e lembranças começaram a vir...

"Ela sempre salva as pessoas... pois ela as acalma em momentos difíceis... ela as fazem querer continuar o caminho... ela as fazem nunca querer desistir... ela aparece quando tudo parece estar acabado... ela existe para todos nós... é a..."
Levantei a cabeça da mesa... fiquei me perguntando se era realmente isso a senha... fechei os olhos, respirei fundo e voltei a abrir os olhos. Assim digitei "Esperança", e apertei "Enter". Poucos segundos se passavam... a expectativa era enorme... e então a tela escureceu...

 
Eu simplesmente não acreditava no que estava vendo.



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